segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Semeiam-se ventos, colhem-se tempestades ...

O Inverno  é época própria da chuva,  vento,  frio e tempestades. Chegam-nos imagens de planícies  inteiras,  cidades e vilas,  cobertas  por um lençol de água e lama,  fazendo lembrar verdadeiros oceanos nada pacíficos. As pessoas teimam em abandonar os seus pertences, os seus lares de sempre,  fruto de uma vida de trabalho e concretização de sonhos. Obrigados pelo avanço inexorável das águas,  auxiliados por equipas de socorro,  só em última instância acedem em abandonar o  que  é seu  e que tanto custou a construir.

A Força da natureza é implacável e nada podemos contra ela. Mesmo com toda a nossa tecnologia,  vergamo-nos  indefesos face à fúria dos elementos. Ondas de 20 metros açoitam as estruturas que o Homem ousou erguer demasiado perto desse monstro adormecido que é o mar,  varrendo tudo como se nada fosse. Estradas, linhas de caminho de ferro,  habitações,  tudo sucumbe como um mero castelo de cartas.

Afirmam os cientistas que tudo isto é resultado de uma alteração climática,  cuja causa principal é o próprio Ser Humano,  consequência mais ou menos directa das actividades próprias da civilização e que libertam para a atmosfera químicos que alteram a sua composição e dinâmica. Ao que parece estamos  condenados a sofrer com fenómenos climáticos cada vez mais extremos,  grandes tempestades,  seguidas de seca intensa e,  logo depois,  por nevões implacáveis.

Quiçá desejosos de seguir o exemplo da Europa dos "Poderosos",  ansiando que Portugal possa ser notícia,  mesmo que pelo piores motivos,  fontes noticiosas informavam ontem a meio da tarde que  o País seria atingido por uma terrível tempestade à qual até deram o nome,  Stephanie.  Sucederam -se reportagens que procuravam de forma quase mórbida confirmar esses receios.

Sendo certo que algumas regiões foram assoladas por episódios meteorológicos mais severos,  os piores receios não se confirmaram,  felizmente.  Insistindo na vidência,  as autoridades responsáveis  mantinham o  alerta vermelho para muitas regiões do País,  incluindo o Algarve,  onde um sol radioso nos brinda hoje  com o seu sorriso. Sem querer intrometer-me,  sugiro aos Senhores da Meteorologia que desviem os olhos dos monitores e olhem pela janela,  método há muito usado para avaliar o estado do tempo e que tão bons resultados dava antes de tão exacerbada  tecno-dependência.

Portugal é um Cantinho,  um Jardim,  com as suas  tempestades,  mas um porto de abrigo seguro quando comparado com outros Países. Devemos estar contentes e gratos com o que temos,  rogando que as coisas possam assim continuar. Não devemos querer ser notícia pelos piores motivos,  mas distinguirmo-nos  por aquilo que é positivo. Por último,  ocorre-me aconselhar prudência nos alertas,  senão corremos o risco de banalizar a  potencial tragédia,  caindo  numa armadilha que recorda a história mítica do Pedro e do Lobo...

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