segunda-feira, 28 de abril de 2014

O regresso do Anarquista..


Após uns dias de interregno das minhas publicações por via de umas mini-férias e visita a Familiares,  aproveitando o  feriado prolongado do 25 de Abril, aqui estou de volta.

Ao regressar liguei o computador e no meio de dezenas de  mensagens  inúteis, encontrei uma prosa curiosa e que, com as devidas reservas, dá que pensar,  no mínimo.

Refiro-me a uma crónica de Rui Tavares,  publicada no jornal "Público" e no seu blog pessoal e que remete para a situação ocorrida na Bélgica,  há um par de anos,  e que consistiu num impasse político que resultou num País sem governo durante aproximadamente dois anos. De forma algo inesperada,  a Bélgica experimentou uma evolução económica sem precedentes e sem paralelo nos restantes países da União Europeia.

O autor da crónica,  que é historiador e deputado do Parlamento Europeu,  remete para a inexistência de um Governo efectivo,  e por isso impossibilitado de tomar decisões de fundo,  alteradoras da realidade sócio-económica. Sem as  grilhetas das medidas de austeridade, a Bélgica cresceu,  com  um desenvolvimento económico sete vezes superior ao da Alemanha,  durante o mesmo período. O cronista refere:
...a economia belga é das que mais cresceu na zona euro nos últimos tempos, sete vezes mais do que a economia alemã. E isto apesar de estar há 16 meses sem governo.
Ou melhor, corrijam essa frase. Não é "apesar" de estar sem governo. É graças - note-se, graças - a estar sem governo. Sem governo, nos tempos que correm, significa sem austeridade. Não há ninguém para implementar cortes na Bélgica, pois o governo de gestão não o pode fazer. Logo, o orçamento de há dois anos continua a aplicar-se automaticamente, o que dá uma almofada de ar à economia belga. Sem o choque contracionário que tem atacado as nossas economias da austeridade, a economia belga cresce de forma mais saudável, e ajudará a diminuir o défice e a pagar a dívida.
A Bélgica tornou-se assim num inesperado caso de estudo para a teoria anarquista. Começou por provar que era possível um país desenvolvido sobreviver sem governo.
Isto dá que pensar. Afinal para que serve um governo ? Apenas para cobrar  impostos, cortar as reformas  e pensões e para, de uma forma geral,  demitir-se despudoradamente do cumprimento de promessas eleitorais ocas ? Parece dar razão ao anarquista que defende a auto-gestão e a liberdade individual. Complicado,  uma vez que há muita coisa em jogo,  mas muita coisa tem que mudar em prol do futuro das gerações vindouras...

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