quarta-feira, 8 de julho de 2015

Elogio fúnebre a Maria Barroso.

Em nome da Pátria...
Ao assistir às cerimónias fúnebres da  Doutora Maria Barroso  abriu-se-me uma ferida há muito causticada no coração,  recordando a morte de quem me era muito querida,  a minha saudosa e amada Esposa, companheira,  amiga, confidente,  cúmplice, Alvarina Teresa.

A extensa cobertura  televisiva que se arrastou por várias horas, terá sido  até demasiado exaustiva,  aproveitando todas aquelas figuras públicas,  principalmente da área  política,  para enaltecerem o carácter e a personalidade da eterna Primeira-Dama. Tendo sido reconhecida em vida,  é curioso verificar sempre o quanto a morte enaltece a pessoa. Quem é mau torna-se,  muitas vezes,  bom. Quem é bom,  fica ainda melhor...

Fala-se agora em dar o nome de Maria Barroso ao hospital da Cruz Vermelha,  onde veio a falecer. Porque não o fizeram  em vida,  dada a contribuição da Esposa do Sr. Mário Soares para a Instituição,  ao longo de uma vida dedicada a causas sociais. Ainda mais,  será que se o  trágico acontecimento,  o falecimento,  tivesse ocorrido  noutro meio hospitalar,  pensariam em tomar igual atitude ?

Já dizia Camões que " Aqueles  que por obras  valerosas, se vão  da lei da morte libertando ". Maria Barroso,  pelo seu carácter voluntarioso seguramente se libertará da lei da morte, perdurando,  quem sabe, para sempre,  na memória dos Portugueses. Talvez um dia,  possivelmente daqui a não muito  tempo,  poderá falar-se na possibilidade de transladar o corpo para o Panteão Nacional. Se é  merecida tal distinção,  não sou pessoa para avaliar, mas não seria de todo descabido. Vamos ver...

Terminarei dizendo que haverá seguramente muita gente anónima com igual valor. No entanto,  por não serem  esposa ou familiar de personalidades mais ou menos influentes,  viverão e morrerão no mais perfeito anonimato. Assim,  tanto na vida, como na morte,  as injustiças  perpetuam-se. Quanto a isso,  nada há a fazer. É algo inerente à própria condição humana.

Tá?!...

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