sexta-feira, 10 de julho de 2015

Sentimentos, precisam-se !...


Sentado na esplanada do café perto da urbanização onde resido,  o vai-e-vem de clientes,  uns mais jovens, outros mais maduros,  sucedem-se em meu redor. Conversam animadamente,   em sintonia  com o dia alegre pelo sol risonho que não nos abandona,  cumprimentando quem chega e quem 
passa.  Sossegado no meu cantinho,  acompanhado  pelo fiel amigo,  senhor Pelinha,  amigo de quatro patas, toda aquela animação parece fazer-me ainda mais  confusão,  destacando o meu isolamento,  ainda que cercado de pessoas por todos os lados. Parece  irónico mas é,  ainda assim, verdadeiro.

Sinto falta de uma boa conversa,  mil ideias passam a grande velocidade pela minha cabeça. E se anunciasse a minha solidão ao Mundo ? Será que alguém iria reparar ou seria,  mais uma vez,  ignorado ? Ou ainda pior,  julgariam as pessoas ao meu redor que tinha perdido,  definitivamente, o juízo ?  Chamei a simpática funcionária e pedi que me trouxesse um papel e uma caneta para que pudesse escrever. Rapidamente regressou com um pequeno papel,  retirado da caixa registadora,  e uma esferográfica. O espaço para escrever não era muito, mas decidi arriscar. A tinta azul rabisquei algumas palavras:


                          
Solitário !

Necessito conversar com alguém ...



Coloquei o papelinho sobre a mesa e aguardei pelo resultado.  Quem passava olhava com curiosidade e interesse,   uns,  com desdém e um sorriso trocista,  outros. A maior parte limitava-se a ignorar. Talvez fosse resultado do diminuto cartaz. Regressei a  casa e,  por meio do teclado do velho computador digitei as mesmas palavras,  agora com maior tamanho, como quem grita por ajuda. Voltei à esplanada.



Apesar do número de curiosos e trocistas ter aumentado o resultado final foi exactamente o mesmo, ou seja,  nem uma alma caridosa se aproximou para mitigar a minha solidão apenas pelo facto de generosamente ceder um pouco do seu tempo para conversar.




É este o triste Mundo em que vivemos,  passando de forma arrogante pela vida dos outros sem reagir. É neste Mundo em que um Idoso pode morrer mesmo ao nosso lado e poucos dariam por isso. É este o Mundo  em que a ganância se sobrepõe diariamente à bondade e solidariedade,  ainda que estas duas últimas  sejam  gratuitas... É pena.

Tá?!...

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