segunda-feira, 9 de março de 2015

Em Olhão, o Muro de Berlim...










Em pleno século XXI, numa época em que a liberdade é tida como um dado adquirido, todos os dias vemos e ouvimos falar de atentados a essa mesma liberdade em prol de uns quantos privilegiados que,  por via da sua posição económica e/ou política são alvo de tratamento preferencial.. É uma Sociedade na qual está cada vez mais marcado um sistema de castas,  próprio de Sociedades primitivas e autoritárias e que todos julgávamos ultrapassado. É o político que não pagou os impostos porque não sabia que tinha que os pagar, é o banqueiro que não se lembra de nada,  amnésia essa que parece extensivel  a outros gestores de topo que,  sem vergonha,  alegam continuamente desconhecimento de tudo o que os possam prejudicar, enquanto o Zé Povinho é confrontado com aumentos dramáticos dos variados  impostos, aos quais não consegue escapar, nem por um cêntimo, sob pena de ver os seus rendimentos imediatamente arrestados.
O reaccionário...

Nas Finanças, ainda, há rumores reafirmados de que existe uma lista de intocáveis, cuja informação fiscal não pode ser consultada sem que dispare um alarme que avise as chefias. Uns são filhos,  outros são enteados...

Farto disto tudo decidi dar um passeio para espairecer, desanuviar as ideias. Está um dia bonito, sem vento, nem muito quente nem muito frio, ideal para um Velhote como eu. Munido da  minha bengala, decido também levar a máquina fotográfica. Nunca se sabe o que vai surgir diante dos nossos olhos,  que possa valer a pena registar para a posteridade. Bendita, pois, a hora em que tomei tal decisão. Ao percorrer a principal avenida de Olhão dou de caras com uma réplica do famigerado "Muro de Berlim". Cortando a avenida ao meio existe a linha de caminho de ferro que até  há pouco tempo constituia uma passagem de nível que permitia o trânsito de peões. Esta situação  manteve-se durante dezenas de anos sem que,  pelo que sei,  tenha ocorrido qualquer acidente. Entretanto,  de repente, a REFER decidiu encerrar a passagem de nível por motivos de segurança,  dizem eles. Este encerramento criou uma barreira e obriga os peões a  recorrerem à passagem inferior situada no mesmo ponto. O problema é o acesso por escadas,  difícil para pessoas de mobilidade reduzida,  à tal passagem, bem como o facto de, quando chove intensamente, ser recorrente a inundação da passagem inferior,  o que impossibilita a sua utilização. Entretanto, a  REFER "inundou" a passagem de nível desactivada com avisos desencorajadores à utilização irregular da mesma, recriando quase na perfeição a imagem mental do Muro de Berlim...

E assim vai Portugal. Entretidos a ver a bola, estupidificados pela irrealidade de um qualquer show televisivo de qualidade mais que duvidosa,  alienados por uma tecnologia que desumaniza, lá vamos cantando e rindo....

Tá?!...

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