quarta-feira, 11 de março de 2015

Voando sobre um ninho de cucos

Já tenho idade para ter juízo, é o que me dizem frequentemente, exasperados com as coisas que vou para aqui publicando, umas à laia de saudade imensa,  outras em reacção a um sentimento de frustração que deriva de várias injustiças que acredito ter sido alvo ao longo de uma vida honesta e honrada.

Depois de uma vida de trabalho, a maior parte em Angola e ainda num período pós exemplar descolonização em Portugal, vi-me reformado com uma pensão miserável,  fruto da não contabilização de todos os descontos efectuados em território angolano. Entretanto,  outros, envolvidos em processos judiciais,  suspeitos de crimes gravíssimos,  auferem pensões mensais que eu nem imaginar  posso em toda a minha  vida.  Digam lá se isto não é injusto ?

Nas minhas voltinhas pela Internet dei de caras com o Senhor Belmiro de Azevedo. Parece que se vai reformar e deixar a presidência do grupo Sonae para o filho, Paulo Azevedo. Quero acreditar que o Senhor  Belmiro fez mais bem que mal à economia  nacional,  mas custa-me acreditar em tal quando o Senhor Belmiro,  dono de umas mercearias e lojas de conveniência,  profere afirmações como  "Não há emprego sem mão de obra barata...". Por isso paga o salário mínimo à grande maioria dos seus funcionários,  enquanto o seu filho aufere mais de cem mil euros por mês...

Entretanto os rumores de corrupção persistem. Sócrates continua preso, felizmente o seu defensor oficioso tem estado calado e tem-se abstido de proferir as habituais idiotices,  os impostos atrasados  do Coelho foram pagos fora de horas e dos submarinos está tudo em águas de bacalhau. Aguardemos por mais novidades...

O português,  esse,  mantém-se sereno. Entretido com a bola e as novelas,  só se manifesta quando as câmaras aparecem,  manipulados por um  qualquer mestre  dos bonecos,  ignorantes do que realmente  se passa,  incapazes de ler nas entrelinhas. É um  povo português cada vez mais alheado  da realidade e que se imagina a viver numa casa dos segredos onde câmaras secretas vigiam uma vida cada vez,  infelizmente, mais vazia. São palavras duras,  é certo, mas que são necessárias numa tentativa de fazer reagir e acordar para a realidade um  povo adormecido,  antes que  seja tarde demais...

Tá?!...

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