quarta-feira, 28 de março de 2012

in illo tempore




1940... Hitler tinha invadido a Polónia  e.. despoletou o . inicio da 2ª guerra mundial ,que fragilizou toda a Europa em conflito, em cuja contenda Salazar ,habilmente,. manteve a neutralidade portuguesa.

No cais de Alcantara,  em Lisboa, dois irmãos ( eu de 12 anos e  meu irmão de 10) tínhamos sido conduzidos  a bordo do vapor "Angola", por mão  do saudoso  e Santo, Tio  Rogério, que nos instalou em cabine de primeira classe!.

No cais, os lenços brancos dos nossos Familiares, acenavam-nos, com lágrimas nos olhos, como despedida -nalguns casos para sempre - pois o navio ja desatracava rumando ao porto de Luanda, nosso destino para acolhimento de nosso Pai, já falecido também.

Lembro-me que seriam  talvez  sete horas da tarde, a meio do ano,  quando o navio, ja perto do Buzio,  na foz do Tejo, lançou ancoras e, assim esteve parado até ao romper do dia seguinte. A razão dessa paralizaçao, de certo modo inesperada, foi-nos explicada já quando o navio  navegava com destino a cidade do Funchal (Madeira) : - havia o receio de sermos torpedeados por um contratorpedeiro alemão que rondava as costas portuguesas...

Sem quaisquer incidentes (felizmente !) acabamos por fundear, dias depois,  ao largo da cidade do Funchal, pois na  época ainda não havia cais acostável.  Presenciamos, enquanto o barco esteve ancorado, as visitas  dos vendedores de lindos artigos madeirenses e... os saltos dos mergulhadores que  do alto dos mastros do navio se lançavam para o mar tranquilo madeirense... a troco de  alguns  "escuditos"...

E, no dia seguinte,  de madrugada,  as hélices do barco ja rolavam a caminho da ilha de S. Tomé.

Nessa assombrosa e vegetativa ilha, no Atlantico,  tambem ancorado ao largo, éramos visitados, de bordo do barco (pudera...) por monstruosos tubarões que rondavam o casco  do vapor  em busca de alimentos  que  eram lançados pelas cozinhas

Antes de  ancorarmos na baía de Luanda, o navio abasteceu-se de carvão  na foz do Rio Zaire, Santo António do Zaire (Cabinda)..

Quinze dias após a largada de Lisboa,  chegámos, finalmente a baía de Luanda, onde avistamos os nossos Familiares que se aproximavam das escadas de acesso ao navio, vindos  nos "gasolinas" que os trasnsportava  a partir do antigo cais  de embarque, flutuante, existente  logo  a entrada da cidade.

Foi ponto de partida para que durante vinte anos,, nunca mais  tivesse visto uma papoila, um  ramo de oliveira, um carro eléctrico, inexistente na minha terra de nascimento...Luanda- ; pois, só decorridos   vinte  anos é que voltei a visitar  os  Familiares  residentes na Metrópole.

Entretanto  as árvores que eu  deixara  em fase de " sementeira", cresceram, cresceram, e dos seus frutos  recebi  o agradável   ABRAÇO de  BOAS VINDAS....

Era assim, em tempos que já lá vão...






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