À medida que fui visualizando imagens que, por intermédio da Internet, me foram encaminhadas, sobre a grandeza das edificações construídas em Luanda, após a independência de Angola, à minha memoria, "quase" centenária, assumiram certos cenários, que a muralha do tempo nos distanciou, da época em que a panela ao lume servia para sobreviverem, sem rodeios, os "de cá" e os "lá"... alimentada das riquezas produzidas relativamente a cada País, o que hoje não se vislumbra...
Vou sintetizar, algo que cimentou uma feliz e amorosa convivência matrimonial,de que a morte, perto dos sessenta anos, nos separou e que me me impressionaram, então, as estrofes de Camões "e viva eu cá na terra sempre triste..."
Diálogo, de há muita distância:
- Bom Dia! É a nova a Colega admitida aqui na Sorel ?
- Sou! E o colega como se chama ?
- Armando, e fui o primeiro empregado da firma, sou solteiro...
- Eu vim de Lisboa, por via marítima, devido a uma carta de chamada que meus familiares, aqui em Luanda, me enviaram; também sou solteira... ( e era uma senhorinha muito bonita e extremamente encantadora...)
Pretendentes não lhe faltavam.
As nossas relaçoes e contactos diários não passavam dos "bons dias .... como está "?
Decorridos meses, a encantadora empregada faz-me a seguinte pergunta: - Sabe dançar?
Respondi: -Não!
- Então venha aprender comigo e vamos no próximo sábado, à noite à "boite", onde irei com familiares.
E assim aconteceu.. e, então começou o romance (para toda a vida).
Na Igreja do Carmo, mais tarde, em Luanda, celebrámos o nosso casamento, de onde frutificou um encantador casal de filhos e dos quais nasceram as minhas lindas netinhas.
Estávamos ainda vivendo em Luanda, num novo bairro chamado Prenda, ao qual, a pouca distância, existia um bairro de casotas onde viviam muitos trabalhadores de coloração de pele, diferente.
O meu filhote mais novo, certa manhã, sentado no seu bacio, viu um pequenito rato passar-lhe junto aos pés, e toca de querer apanhar o ratito.Só que, nesse preciso momento, minha saudosa Mulher surgiu amedrontada devido ao turbilhão de vozes enfurecidas, vindas precisamente do local onde habitavam os tais trabalhadores, de cor negra,
Fiz imediata chamada a Policia, que se cruzou depois com o meu carro, alertando para o clima de agitação que se aproximava, perigosamente, da nossa residência.
Fomos, conduzidos, pelas autoridades, para um hotel, na baixa, até que as coisas se acalmassem.
Tempos depois, já em clima mais tranquilo, passando junto ao tal hotel para onde tínhamos sido conduzidos, o meu filho sai-se com esta : FOI PARA AQUI QUE VIEMOS POR CAUSA DO RATINHO ???...
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