sábado, 10 de março de 2012

...o ratinho e o falcão !

À medida que fui visualizando imagens que, por intermédio da Internet, me foram encaminhadas,  sobre  a grandeza das edificações construídas em Luanda, após a independência de Angola, à  minha memoria, "quase" centenária, assumiram certos cenários,  que a muralha do tempo nos distanciou, da época em que a panela ao lume servia para sobreviverem, sem rodeios, os "de cá" e os "lá"...  alimentada das riquezas produzidas relativamente a cada País, o que hoje não se vislumbra...

Vou sintetizar, algo que cimentou uma feliz e amorosa convivência matrimonial,de que a morte,  perto dos sessenta anos, nos separou e que me me impressionaram, então, as estrofes de Camões "e viva eu cá na terra sempre triste..."

Diálogo, de há muita distância:

- Bom Dia! É a nova a  Colega admitida aqui na Sorel ?
- Sou! E o colega como se chama ?
- Armando, e fui o primeiro empregado da firma, sou solteiro...
- Eu vim   de Lisboa, por via marítima, devido a uma carta de chamada  que meus familiares, aqui em Luanda, me enviaram; também sou solteira... ( e era uma senhorinha muito bonita e extremamente encantadora...)
Pretendentes não lhe faltavam.
As nossas relaçoes e contactos diários  não passavam dos "bons dias .... como está "?
Decorridos meses,   a encantadora empregada faz-me  a seguinte pergunta:  - Sabe dançar?
Respondi: -Não!
- Então venha aprender comigo e vamos  no próximo sábado, à noite à "boite", onde irei com familiares.

E   assim aconteceu.. e, então começou o romance (para toda a vida).

Na Igreja do Carmo, mais tarde, em Luanda, celebrámos o nosso casamento, de onde frutificou  um encantador casal de filhos e dos quais nasceram  as minhas lindas netinhas.

Estávamos ainda vivendo em Luanda, num novo bairro chamado Prenda, ao qual, a pouca distância, existia um bairro de casotas onde viviam muitos trabalhadores de coloração de pele, diferente.

O meu filhote mais novo, certa manhã, sentado no seu bacio, viu um pequenito rato passar-lhe junto aos pés, e toca de  querer apanhar o ratito.Só que, nesse preciso  momento, minha  saudosa Mulher  surgiu amedrontada  devido ao turbilhão de vozes enfurecidas, vindas precisamente  do local onde habitavam os tais trabalhadores, de cor negra,

Fiz imediata chamada a Policia, que se cruzou depois com o meu carro, alertando  para o clima de agitação que se aproximava, perigosamente, da nossa residência.

Fomos,  conduzidos, pelas autoridades, para um  hotel, na baixa, até que as coisas se acalmassem.
Tempos depois, já em clima mais tranquilo, passando junto ao tal hotel para onde tínhamos sido conduzidos, o meu filho sai-se com esta :  FOI PARA AQUI  QUE VIEMOS  POR CAUSA DO RATINHO ???...


Sem comentários:

Enviar um comentário