quarta-feira, 21 de março de 2012

Outros tempos...(1ª parte)



Os documentos acima apresentados, retratam um período da história, conturbado e rico em contradições e injustiças de vária ordem, que ainda hoje se sentem no  materializar da história.

Corria o ano  de 1975.  Aproximava-se a independência da então Colónia Portuguesa de Angola. Na altura em que  estes documentos foram escritos, ainda não sabíamos, mas o nascimento deste novo País, viria a ocorrer no final do ano, mais precisamente em Novembro. Na então chamada Metrópole, sucediam-se os acontecimentos históricos  do ano quente de 1975.  As nacionalizações, os movimentos de trabalhadores e a reforma agrária punham o País em polvorosa. A luta pelo poder entre os diversos partidos acentuava a confusão. O que acontecia em Angola e nas outras colónias era, de certa forma, colocado em  segundo plano, tendo ainda  mais em conta a independência inevitável que se vislumbrava.
Claro que  tudo isto tinha impactos na vida nessas Colónias.  Face a nacionalização dos Bancos, também o Banco onde trabalhava, o Banco Totta-Standard de Angola,  enfrentava mudanças.  Tratava-se  de uma fase de transição,  tanto em Portugal como em Angola, e cada um procurava acautelar os  seus interesses, considerando os desenvolvimentos que se perspectivavam. Assembleias gerais eram adiadas, decisões importantes eram colocadas em suspenso. O ambiente não era, de facto, o melhor. Injustiças eram frequentemente cometidas tendo apenas como critério a simples cor da pele.

Em Setembro desse ano, por motivos de saúde, fui obrigado a sair de Angola, em direcção a Portugal. Nunca mais voltei à  minha terra Natal. O que aconteceu desde então não foi, em minha humilde opinião, o que poderia e deveria ter acontecido:  O acautelar dos interesses e necessidades da maioria, tendo ainda para mais em consideração, os imensos  recursos disponíveis na  grande nação Angolana, em detrimento, do que veio a acontecer,  ou seja, o  favorecimento de muito poucos,  durante demasiado tempo (já la vão mais de 30 anos...),  resultando numa incrível assimetria na distribuição da riqueza e na criação de um povo pobre e sem as devidas condições de vida a que todo o ser humano tem direito.

E era tão simples. Bastava abdicar de um pouco em favor de  muitos, o que seria suficiente, pois, o que existe chega e sobra para  manter todos felizes e contentes.

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