segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Reformas douradas

Na última edição do "Jornal Sénior" é apresentado um artigo que faz referência  aos cortes (mais cortes...) nas pensões e reformas acima dos 600 Euros.  Como se 600 Euros fosse alguma fortuna, o Governo parece pretender efectuar um corte  RETROACTIVO  que pode ir até aos 10%.

Entretanto há Senhores que auferem  sozinhos mais de dois milhões de Euros anuais, na sua reforma  não de ouro,  mas da mais pura platina. Há  ainda outros que, a despeito de invocarem equidade quando chumbam Leis do Governo,  parecem não conseguir ver o próprio umbigo e serem,  por isso, incapazes de assumir a inequidade da sua situação. Refiro-me aos Juízes do Tribunal Constitucional que, ao fim de apenas 10 anos de serviço se podem reformar.  É o caso da Presidente da Assembleia da República, Assunção Esteves,  que se reformou com apenas 42 anos, auferindo por uma vida de trabalho árduo a módica  quantia de sete mil euros mensais.

Outros há em situação idêntica (ex-políticos, políticos no activo, Doutores e Engenheiros da nossa Praça), não vou dar mais exemplos, pois correria o risco de passar  o resto da semana em tal trabalho.  Sem  questionar a legalidade de tais benesses, tal é, do  ponto de vista ético, altamente condenável, ainda  para mais quando somos inundados quase diariamente com noticias de mais cortes, de mais austeridade, enfim, de mais pedidos de sacrifícios por parte do Governo relativamente ao chamado "cidadão comum". Seria de bom tom  estas pessoas assumirem a injustiça dos seus privilégios e deles abdicarem de livre vontade, sendo assim coerentes relativamente às posições que assumem publicamente quando de outros se trata.

O que sentirá, dia após dia, um Reformado, (com 86 anos de idade),  como eu,  que após uma vida de trabalho árduo e honesto, tendo colaborado activamente na fundação de um Banco (Banco Totta-Standard de Angola), ex-candidato a deputado a Assembleia  da Republica Portuguesa e contribuído para o bem-estar económico e financeiro, documentalmente comprovado,  se vê  a receber uma Reforma mínima  do sector bancário  (equivalente a aprendiz da Banca, nível de admissão ao serviço) e obrigado a abdicar de parte desse pouco, enquanto quem pede tais sacrifícios não parece nada disposto a fazê-los e abdicar de benefícios sem sentido ?!...

Tá?!

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